quarta-feira, 30 de abril de 2014

Breve Histórico da Politica Exterior Brasileira do Segundo Reinado 1840 – 1889

Com o início do Segundo Reinado, dado quando declarado a maioridade de D. Pedro II realizada no ano de 1840, o Brasil sofreu grandes mudanças em suas atuações com a política externa. Diferente do reinado de seu pai, D. Pedro II procurou alcançar a estabilidade do Estado, agindo de maneira racional e planejada. A nova meta do Estado era buscar a instabilidade comercial, e passar a praticar as decisões políticas de acordo com a vontade nacional.
Essa nova forma de governo teve alguns pontos principais para serem visados, sendo eles: controlar a política alfandegária (garantir uma autonomia alfandegária), fortalecer o crescimento de mão de obra externa buscando acabar com o tráfico de escravos, então, estimulando à imigração, e o último objetivo sendo fixar seu poder territorial, fazendo com que sua política interna fosse estável, e que a soberania do Estado fosse respeitada pelo ambiente internacional.
Para que a política externa funcionasse como o planejado, foi preciso fazer algumas mudanças no modo da política interna. Além de prover o planejamento da política de acordo com interesses nacionais, o Brasil agora montava um novo meio de administração onde se encontravam desde representantes regionais, até federais, criando oportunidades para novos pensadores e idéias, o que levou à estabilidade da política interna.
O Brasil estava então criando um Estado com condições adequadas para prover uma boa atuação e sustentação da política externa, tais como, instituições estáveis, conservadorismo político, e o processo de elaborar, e executar, a política externa de forma correta.
A política externa brasileira foi marcada por conflitos onde o Estado agindo de maneira direta, ou indireta, foi estabelecendo seu poder como potencia econômica na America do Sul. Foram conflitos que estabeleceram desde divisão territorial, até influencia política, e econômica.
O objetivo deste texto é mostrar de forma simples e clara os três acontecimentos principais que marcaram a política externa brasileira do segundo reinado: As questões Platinas – Guerra do Prata;  A questão Christie; e por fim, a Guerra do Paraguai.

As Questões Platinas: Guerra do Prata (1851 – 1852)
Foi um conflito baseado em interesses. De um lado o Brasil, e de outro a Argentina, com o objetivo de exercer influencia no Uruguai, e manter a hegemonia na região do rio da prata. A guerra teve como causa principal a instabilidade na região do prata, tendo em vista que o ditador argentino Juan Manuel Rosas, tinha como objetivo recriar o antigo vice- reinado do prata, exercendo influencia sobre Paraguai, e Uruguai. Objetivo este, que feria a soberania brasileira, tendo em vista que o antigo vice-reinado era formado por terras pertencentes à província do Rio grande do Sul.
O Brasil exercia forte influencia no continente no período. Então começa jogadas estratégicas, e diplomáticas, com o intuito de criar alianças com países vizinhos. Vendo que a soberania de Uruguai e Paraguai estava correndo riscos, diante da ambição do ditador argentino Rosas, o Brasil de ato imediato reconhece a soberania de ambos os países, causando descontentamento do líder argentino. Faz acordo de não agressão com a Bolivia, e alia-se com as duas províncias argentinas que eram contra a política de Rosas; Corrientes e Entre Rios.
Em 1849, o Brasil se mantinha apenas no apoio indireto ao conflito. Financiava opositores de Rosas, tanto nas províncias argentinas, quanto no Uruguai. Somente no ano de 1851 que o Brasil se pronuncia oficialmente, e garante apoio ao Uruguai contra Oribe – presidente uruguaio, do partido Blanco, e aliado de Rosas. Imediatamente o ditador argentino – Rosas -         se  prepara para a guerra contra o Brasil.
Em setembro de 1851, 16 mil soldados brasileiros liderado pelo Conde de Caxias Luis Alves de Lima e Silva, atravessam a fronteira, e invadem o Uruguai. Pelo outro lado 15 mil homens sob o comando de Justo José Urquiza, governante da província argentina de Entre Rios, e o general uruguaio Eugenio Gorzón, também invadem o Uruguai, e cercam Oribe nas proximidades de Montevidéu. Oribe temendo um massacre, por estar com um exército de apenas 9 mil homens, se rende. Os soldados uruguaios, e argentinos, de Oribe, foram incorporados as tropas de Urquiza – aqueles que quiseram. Ao mesmo tempo a marinha brasileira estava no litoral uruguaio, não permitindo a fuga de simpatizantes de Rosas para a Argentina.
Em fevereiro de 1852, soldados brasileiros e uruguaios desembarcam em Buenos Aires. Não houve grande reação de soldados argentinos, que depois de ficarem sabendo da vitória das tropas de Urquiza na Batalha de Monte Caseros, fugiram para o interior. Em Monte Caseros – batalha que praticamente encerrou a guerra – Urquiza tinha cerca de 25 mil homens, dentre eles, 4 mil brasileiros.
O numero de combatentes argentinos era praticamente o mesmo dos aliados, mas a artilharia aliada era melhor, e decidiu o fim do conflito, que durou apenas metade de um dia. Rosas fugiu para a Inglaterra. O Paraguai teve sua independência reafirmada. E o Brasil colocou-se definitivamente como maior potencia do continente. A vitória trouxe tranquilidade para o governo de Dom Pedro II, e para a economia do país.

A questão Christie (1861 – 1865)
A questão Christie foi um incidente diplomático envolvendo Brasil, e Inglaterra, no ano de 1861, quando um navio britânico naufraga próximo ao Rio Grande do Sul. A tripulação deixa o navio ao perceber que vai naufragar, e a população local saqueia o navio, criando grande euforia por parte dos ingleses sobreviventes, que de ato continuo, comunicam o fato ao embaixador britânico Willian Dougal Christie.
O embaixador ao tomar ciência da situação, exige que Dom Pedro II pague uma indenização pela perda, mas não é atendido. E os desentendimentos não param por ai.
Em 1862, oficiais da marinha britânica são presos pela policia no Rio de Janeiro, envolvidos em uma briga. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, solicita para que sejam postos a disposição da justiça brasileira para julgamento. O embaixador britânico indignado solicita o pagamento da indenização do naufrágio, caso contrario, iria punir os brasileiros envolvidos na briga, demitir os policiais que prenderam os marinheiros, e forçar um pedido de desculpas oficial por parte de Dom Pedro II.
Dom Pedro II, ao receber a noticia, diz que estaria pronto para a guerra. Noticia que não agradou aos britânicos, que ameaçaram atacar a cidade gaucha próxima de onde a embarcação afundou. Ao mesmo tempo, os ingleses aprisionaram navios brasileiros nos portos, no Rio de Janeiro, exigindo alta indenização. A população brasileira enfurecida ameaçava depredar propriedades britânicas no país. Vendo que precisavam chegar a uma solução, os dois envolvidos no conflito – Brasil e Inglaterra – aceitam que o rei belga Leopoldo I, seja o arbitro do conflito.
Em 1863, é a vez do Brasil fazer suas exigências. Dom Pedro II pede indenizações e pedidos de desculpas formais por parte da Inglaterra, por violar território nacional, e por ter feito prisões de suas embarcações nos portos. A Inglaterra se recusa, e assim há a ruptura diplomática entre os dois países.
Dom Pedro II, suspeitando que o rei Leopoldo I fosse dar parecer favorável a Inglaterra, paga a indenização exigida pelos ingleses. O rei Leopoldo I favorece ao Brasil, que a partir de então, passa a exigir a devolução do dinheiro, e um pedido de desculpas por parte do embaixador Willian Christie. Nenhuma das solicitações é atendida,e o rompimento diplomático permanece.
Somente no ano de 1865 que o governo britânico formaliza um pedido de desculpas ao Brasil, as relações diplomáticas são reatadas – mas não devolvem o dinheiro.

A Guerra do Paraguai (1864 – 1870)
Na primeira metade do sec. XIX a relação entre Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina eram conflituosas, ocorrendo sempre disputa pela fronteira e meios fluviais. O objetivo do Ditador Francisco Solano Lopes era achar um meio para aumentar a produção e rendimento da economia Paraguaia, o que na época era considerada uma grande potência internacional. Para conseguir isso, o ditador precisava levar suas tropas até a Região da Bacia do Prata, onde poderia aumentar a exportações realizadas pelo meio fluvial até o mar.
Em 1864 o Brasil estava em um conflito com o Uruguai. Havia no país tropas para depor o ditador Aguirre, líder do partido blanco. Como retaliação o Paraguai prendeu um navio brasileiro no porto de Assunção, e em seguida atacou a cidade de Dourados, levando ao inicio do conflito.
Como o Paraguai era uma potência extremamente forte, que ganhava em número de batalhões e  poder de fogo, o Brasil viu se obrigado a formar uma aliança, onde seria capaz de manter o conflito com o Paraguai. A aliança foi formada por Brasil, Argentina, e Uruguai – Tríplice Aliança – contando com apoio da Inglaterra, que foi quem financiou a guerra.
O conflito teve duração de 6 anos e uma das principais batalhas foi a Batalha naval de Riachuelo, com a vitória o Brasil, por ser o setor de combate onde tinha maior preparo. A partir de então, a guerra tomaria rumos diferentes, tendo em vista que o Brasil decidiu sozinho o futuro da guerra, em favor da Tríplice Aliança.
A guerra do Paraguai foi um dos conflitos mais devastadores da América Latina. Houve uma perda drástica da população do Paraguai, em sua grande maioria homens. A indústria paraguaia foi destruída, a economia devastada, e o país passou a ser mais um consumidor dos produtos ingleses, contraiu seu primeiro empréstimo, e uma divida imensa com o Brasil. Divida que só foi perdoada em 1943, no governo de Getulio Vargas. Podemos afirmar que a guerra foi boa apenas para a Inglaterra, que conseguiu alcançar seus objetivos, e fortalecer sua imagem como potencia mundial.           


Fontes

- www.segundoreinado,wordpress.com/category/a-questao-christie/
- www.historiazine.com/2012/05/as-questoes-platinas-a-guerra-do-prata.html
- www.suapesquisa.com/historia/guerradoparaguai/
- www.historiadobrasil.net/guerradoparaguai/
- www.sohistoria.com.br/ef2/guerraparaguai/
- www.historiabrasileira.com/brasil-imperio/consequencias-da-guerra-do-paraguai/

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